Cá estou aqui novamente pra dividir a minha ressaca de Super Final, dessa vez no masculino com o Flag Kings se sagrando bi-campeão nacional em campeonato marcado por lesões sérias.
A estrutura montada pela CBFA e pelos patrocinadores para a Super Final do Brasileirão de Flag Football masculino se repetiu e mais uma vez tivemos um cenário bonito para jogos ainda mais intensos do que na Super Final feminina. Se no feminino, cerca de quatro equipes chegaram com chances reais de título. No masculino, você pode dobrar esse número.
Mas nada chamou mais atenção do que o volume de lesões. Nunca vimos tantas ocorrências num mesmo campeonato. Teve árbitro atropelando fotógrafo e sendo atropelado. Punho, costela e perna quebrados. Concussões. Cortes no rosto. Situações muito acima do que estamos acostumados no flag nacional. Duas ambulâncias estavam no local e as duas precisaram atuar ao mesmo tempo, o que acabou paralisando a rodada na manhã de domingo.
O jogo está mais rápido, mais forte e mais intenso. E quem treina o ano inteiro para jogar um ou dois finais de semana não quer “jogar fofo” quando finalmente entra em campo. A competitividade é real. Ninguém gosta de perder nem par ou ímpar, até o jogo pelo penúltimo lugar vira disputa séria.
E aí vem a minha provocação: isso tudo é fatalidade ou poderia ter sido evitado?
Falo por mim… No meio da premiação, meu cartão de memória encheu e eu não tinha outro na manga pra substituir. Fiquei sem a foto do campeão. Se fosse cobertura para uma agência ou pro time, eu teria cometido um erro gravíssimo. Fatalidade? Não. Cagada minha.
As sidelines ficaram lotadas o campeonato todo. Imprensa, fotógrafos, criadores de conteúdo, equipes com staffs enormes. Uma organização mais rígida talvez evitasse que uma árbitra precisasse sair de campo depois de ser atingida na cabeça por uma câmera. Fatalidade? Sei não…
Tem também as disputas no alto, corpos correndo e saltando em velocidade máxima… basta uma queda meio torta para um punho quebrar e um impacto desproporcional pra apagar dois atletas em campo. É azar ou falta de técnica?
E depois que a lesão acontece? Será que a estrutura com a qual nos acostumamos ainda dá conta? Quanto tempo demora para chegar um atendimento? Será que não é hora de reforçar as equipes de socorristas e garantir profissionais prontos para lidar com o que realmente acontece num torneio desse tamanho?
E se o patrocinador master é uma seguradora, será que não está na hora de pensar maior? Em vez de só mitigar custos, por que não oferecer um seguro para cada atleta em campo? Porque no dia seguinte todo mundo volta para a vida real, tem conta para pagar e obrigação para cumprir. Uma lesão muda tudo.
Mesmo assim, todos esses caras deram tudo dentro de campo. É bonito ver o quanto evoluímos a cada encontro. O esporte cresce, vai tomando forma, mas ainda em 2025, 14 anos depois do início do “Flag da IFAF” no Brasil, o “molho do flag raiz” venceu mais uma vez.
O bi-campeão Flag Kings, o vice-campeão Caniballs e o quarto colocado Predadores são projetos dedicados ao flag. O Locomotiva, 3o. colocado, também atua no FA, mas assim como os demais times no topo, constrói sua história no Flag Football há anos, tijolo por tijolo, mostrando que o esporte tem identidade própria e já caminha com as próprias pernas.
Assim como no feminino, experiência e vivência continuam decidindo jogos.
A onda está aí e não para de chegar gente nova pra surfar. E se queremos que o esporte seja mais competitivo e levado a sério, precisamos de atletas e corpo técnico dedicado. Você pode captar pessoas do FA, do basquete, do handebol ou da bolinha de gude que seja. O que importa é aceitar que, para se destacar no flag football, dedicação e especialização é cada vez mais condição básica em todos os niveis e setores!